quarta-feira, 6 de julho de 2011

LUTO

Homenagem à Laercio Lincoln: Que o seu trabalho seja perfeito para que, mesmo depois da tua morte, ele permaneça.


"Infelizmente nem tudo acontece como imaginamos, mas Deus sabe o que faz."


Tenho razão de sentir saudade. Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora. Detonaste o pacto. Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade sem prazo, sem consulta, até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora. Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas. Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação, o ato em si, o ato que não ousamos nem sabemos ousar, porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade, da convivência, simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais que eram sempre certeza e segurança. Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza, nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste.

Carlos Drummond de Andrade

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